Prezados Amigos e Colegas,
No dia 19 de Novembro de 2009, quinta-feira, em conjunto com o Hospital Nove de Julho, onde trabalho, tive oportunidade de assistir e participar do Simulado Integrado de Atendimento a Emergência, chamado de “Hospital Seguro”.
Esse exercício simulado atendeu a recomendação da ONU e foi realizado pelo Corpo de Bombeiros de São Paulo, em cooperação com a Defesa Civil Estadual e o Grupo de Resgate da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo.
O exercício simulado teve como objetivo a integração das diversas equipes que atuam no atendimento a desastres.
O evento simulou o salvamento de pacientes internados durante a ocorrência de um incêndio em uma estrutura hospitalar, chamada de “Hospital Seguro”, que foi montada no Sambódromo, no Anhembi, especialmente para esse treinamento.
Acho importante contar a vocês muitos dos detalhes do exercício simulado.
Muitos dos itens abaixo constavam de um folder distribuído no local e outros são observações durante o evento.
A origem do exercício simulado foi prevista para acontecer da seguinte forma:
A descrição do “Acidente”:
Um veículo, em alta velocidade, perdeu a direção e colidiu violentamente contra a cabine de energia elétrica do “Hospital Seguro”.
A colisão deixou o veículo destruído, seus ocupantes presos nas ferragens e gravemente feridos.
Na cabine de energia elétrica, um incêndio teve início e consumiu a fiação elétrica que fornecia energia ao “Hospital Seguro”.
A fumaça fluiu pelos dutos existentes e invadiu todas as dependências do “Hospital Seguro”.
O pânico tomou conta de todos, pacientes, visitante e funcionários.
Diante do fato, a Central de Operações do Corpo de Bombeiros enviou várias equipes para o local.
Várias organizações, públicas e privadas, se uniram e trabalharam em conjunto.
O socorro às vítimas foi complexo. Os pacientes da UTI precisaram ser retirados do local acompanhados de seus equipamentos de monitoramento e suporte à vida.
As vítimas existentes no telhado e as retidas nos quartos exigiram equipamentos especiais para ser resgatadas.
Sob a supervisão do SICOE (Sistema de Comando e Operações em Emergências), as equipes médicas organizaram o Posto Médico Avançado (PMA), no qual as vítimas foram triadas pela gravidade de suas lesões e encaminhadas ao hospital mais adequado na cidade de São Paulo.
Algumas das organizações que participaram desse evento:
– Prefeitura de São Paulo;
– Secretaria Estadual da Saúde;
– SAMU;
– Instituto Médico Legal;
– Instituto de Criminalística;
– Eletropaulo;
– IPEN;
– Polícia Civil;
– CET;
– Defesa Civil;
– Guarda Civil Metropolitana – São Paulo;
– Hospital 9 de Julho e;
– Outros Hospitais da São Paulo;
Nesse exercício simulado foram montadas duas situações:
1a situação:
– Ao alarme de incêndio, as equipes do próprio hospital, juntamente com a brigada de incêndio, fariam remoção dos pacientes mais graves.
– Os pacientes deveriam ser retirados com todo o suporte possível, por exemplo, o fornecimento do soro (temporariamente fechado), ventilação automática (mantidos por baterias) e bombas de infusão de medicamentos (mantidas por baterias).
– Cada profissional deveria colocar o prontuário médico sob as pernas do paciente.
– As equipes deveriam manter um ventilador manual por cama ou maca, devendo usá-lo quando a ventilação automática não funcionar nem por baterias.
– A brigada de incêndio deveria interromper o fornecimento de oxigênio no setor, através do fechamento da chave de fluxo que geralmente fica localizada na entrada da UTI ou centro cirúrgico.
– Só seriam utilizados para a remoção os elevadores de segurança (com geradores e resistência a fumaça) e escadas protegidas.
– Com a chegada do Corpo de Bombeiros, o comandante de operações faria contato com um médico responsável, para ser informado do número de pacientes internados, situação do fluxo de oxigênio e energia elétrica.
– Os bombeiros auxiliariam na remoção das vítimas com seu respectivo suporte (soro, ventilação e bombas de infusão).
2a situação:
– No agravamento da situação do incêndio (propagação de fogo e gases tóxicos) seria feita uma evacuação imediata.
– Nesse caso, as vítimas seriam retiradas com uso de macas de salvamento ou pranchas rígidas, com soro ou medicamentos fechados junto a vitima e a respiração seria mantida com ventiladores manuais.
– Com a presença de fumaça, calor excessivo e escuridão, não seria possível remover as vítimas com as bombas de infusão de medicamentos, somente com a ventilação.
– Uma válvula de demanda extra da máscara autônoma do bombeiro (carona) deveria ser posicionada junto à alimentação de ar do ventilador manual (“ambu”) para evitar a entrada de fumaça na vias aéreas do paciente.
– Seriam necessários pelo menos três bombeiros para o transporte de um paciente adulto (2 na maca e 1 na ventilação) e dois bombeiros para transporte de paciente infantil (1 bombeiro só para a ventilação e 1 só para o transporte).
– Somente seriam utilizados para a remoção, os elevadores de segurança (gerador e proteção contra fumaça) e escadas protegidas.
– Todas as informações possíveis sobre o paciente (bombas de infusão de medicamento, prontuário, hemodiálise) seriam transmitidas às equipes do Posto Médico Avançado (PMA), pelas equipes do hospital e pelos bombeiros que participaram do resgate e tiveram contato com a situação do paciente ainda no leito.
Essas orientações das duas situações acima descritas são um resumo das reuniões e treinamentos realizados pelo Corpo de Bombeiros de Resgate e Atendimento às Urgências (SES/SP) junto às equipes médicas de Hospitais de São Paulo.
Comentários:
Fiquei muito entusiasmado com a organização do evento, principalmente com a combinação da realização com o V Seminário Internacional de Defesa Civil (DEFENCIL), que estava ocorrendo no Anhembi e contava com a participação das Defesas Civis de todos os estados brasileiros e de mais 8 países.
Porém, vi muito poucos profissionais dos Hospitais, sejam de Engenharia ou de Segurança do Trabalho, além de apenas um fornecedor de equipamentos médicos.
Gerenciamento de Crises:
Esse tipo de ocorrência, neste e nos últimos anos, em vários hospitais pelo Brasil, me levou a escrever novamente sobre esse assunto e sua correlação com planos de contingência ou gerenciamento de crise em nossas empresas.
O enfoque principal de um plano de gerenciamento de crise é o atendimento de ocorrências anormais, que configuram situações de emergência, contingência, ou outros nomes similares.
Entende-se por Gerenciamento de Crise o processo de gestão necessário ao tratamento àquele evento sério e negativo.
É muito difícil escrever e por em prática um plano de gerenciamento de crises ou contingências, exeqüível, sem simulações dessa grandeza e sem a troca de informações entre as diversas organizações envolvidas.
Gostaria de receber informações e de participar de mais eventos como esse e que as diversas organizações no Brasil, sejam hospitais, indústrias, fornecedores, prestadores de serviço, ou associações, pudessem se unir para enfrentar momentos de crise como esse testado no exercício simulado.
Somente com a ajuda de diversas organizações, uma empresa pode sobreviver a um evento como esse.
Conto com sua colaboração.
Para mais detalhes, acesse o site da Defesa Civil de SP: http://www.defesacivil.sp.gov.br e o Blog do Hospital 9 de Julho: http://www.pordentrodo9dejulho.com.br
Agradeço a todos pelas contribuições, comentários e críticas no Blog e no Website.
Luciano Martins Gehrke
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